Afinal a eletricidade e o Hidrogênio são alternativas viáveis como combustível para veículos?

Mesmo tendo uma alternativa verde à gasolina aqui no Brasil, outras alternativas estão sendo estudadas para avaliar se são viáveis e possam vir a substituir o nosso conhecido combustível fóssil. Mesmo com uma autonomia crescente graças as descoberta do pré-sal e pelas novas tecnologias aplicadas nas reservas já existentes em alto mar e em regiões inóspitas até a algumas décadas atrás, está se configurando um grande conflito na continuidade e intensificação de pesquisas para viabilizar estas alternativas. Não passava pela cabeça dos engenheiros de prospecção, perfurações que hoje são realizadas com mais de sete mil metros de profundidade, em alto mar, e muito menos em reservas sob plataformas salinas identificadas ao longo do nosso litoral.

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Quase todo mundo concorda que os veículos de emissão zero são uma boa ideia, mas a que preço? O etanol que já atingiu quarenta anos de desenvolvimento, em termos de Brasil, pode ser vantajoso por aqui, mas não consegue ultrapassar nossa fronteira e ganhar posição mundial de confronto a gasolina, portanto é uma solução regional e proporcionalmente pouco influente na mudança do processo industrial de construção dos veículos. Não tem chances de expansão territorial, pois tem característica bem próprias em seu plantio, que lhe garante rendimento energético adequado para ser utilizado como combustível somente em nossas terras. Nos Estados Unidos, o uso do milho também é um forte concorrente da gasolina no mercado, o produto detém um mercado estável e já com alguma tradição, mas não consegue fazer frente ao petróleo, que tem uma distribuição e produção bem consolidada.

Mas e os carros movidos a eletricidade e a célula de combustível de hidrogênio? Eles podem ganhar espaço e acabar se tornando viáveis no abastecimento de uma frota que hoje deve atingir centenas de milhões de veículos em circulação. Uma maneira de construir um carro sem um tubo de escape, bastando apenas ligá-lo a uma bateria, que é recarregada a partir da rede elétrica, sem líquidos escorrendo e tanque de volume considerável ocupando espaço na estrutura da carroceria, é muito bem visto. Na verdade, já existem cerca de meio milhão de veículos elétricos nas estradas do mundo. O que determina ainda algumas desvantagens para esta alternativa é o demorado período de recarga de suas baterias, autonomia ainda pequena e o considerável peso das unidades de carga.

Mas é se a energia elétrica for gerada por células de combustível, que transformam o oxigênio da atmosfera e hidrogênio comprimido em eletricidade e vapor de água? Os primeiros Hyundai Tucson crossover utility Fuel Cell de produção em série começou a rodar no ano passado, no sul da Califórnia, Estados Unidos. Toyota e Honda deverão seguir o exemplo e logo estarão oferecendo um pequeno número de veículos movidos a células de combustível de hidrogênio, para o mercado americano até o ano de 2020. A grande dificuldade é o abastecimento do hidrogênio comprimido, que exige uma estrutura de segurança especial e demanda de locais dedicados e caros. O hidrogênio tem de ser produzido usando uma porção de energia elétrica para quebrar a matéria-prima (água, gás natural, ou outros compostos portadores de hidrogênio) para obter hidrogênio puro (H2), que em seguida, tem de ser comprimido e distribuído pressurizado em tanques individuais para o consumo. Segundo o entendimento de especialistas no assunto, um veículo utilizando a mesma quantidade de energia elétrica com a mesma para se produzir hidrogênio, ou para recarregar a bateria, você consegue percorrer uma distância bem maior no carro elétrico do que no carro movido a hidrogênio.

Finalmente, há a questão da substituição progressiva dos carros na frota circulante. No curto prazo, os veículos a hidrogênio nos Estados Unidos estão sendo colocados na estrada em grande parte, para cumprir as regras de veículos de emissão zero da Califórnia, não porque se tenha demanda de mercado para eles.

Talvez o resumo mais abrangente das questões vem de Joan Ogden, professor de ciência e política ambiental no Instituto de Estudos de Transporte da Universidade da Califórnia – Davis. Ogden foi o principal autor de um relatório que analisa exatamente o que seria necessário para produzir hidrogênio competitivo com a gasolina como combustível para veículos. “O hidrogênio enfrenta uma série de desafios, desde a econômica da sociedade”, escreveu Ogden, “antes que possa ser implementado como um combustível para transporte em grande escala.A questão não é se os veículos de células de combustível são tecnicamente viáveis. Eles são, mas todos precisam acreditar nisso.”